Aquela tarde estava tensa para Júlio. Morando em uma comunidade carente, ele não se sentia confortável ao ter que voltar à delegacia, onde fora preso pela primeira vez. Para ele, polícia e bandido eram a mesma coisa.
Foi por isso que decidiu esperar no carro. Eles precisavam de autorização para retirar as Power Turbo, as motos da equipe Powerman, que haviam sido confiscadas. Com muito jogo de cintura e um pouco de truculência, Beto conseguiu a liberação. Finalmente, as motos estavam na carroceria de duas picapes.
— Vamos lá, Júlio, segura aí! — Beto avisou, arrancando com a picape. Júlio o seguiu na outra, com Sandra (a pé-frio) e Mara acompanhando Gilson Jr.
Ao chegarem à base, algo estranho aconteceu. Cinco figuras baixas, vestindo uniformes parecidos com os dos Powerman, surgiram no horizonte. Mas havia algo diferente. As cores dos trajes eram distintas: vermelho, rosa e verde com faixas amarelas brilhantes, enquanto os trajes azul e amarelo tinham faixas negras, todas com circuitos pulsantes como se fossem componentes de computador. As botas e luvas eram brancas, e os capacetes... um “M” estilizado, com um aro que ia do visor à nuca, e um protetor de mandíbula metálico que lembrava um nariz e, ao contrário dos Powerman os visores deles eram coloridos.
— O que diabos é isso? — murmurou Júlio, franzindo a testa.
Antes que pudessem responder, foram recebidos com disparos. A poeira levantou no ar.
— Será que isso nunca vai acabar? — reclamou Júlio.
— Na verdade, amigo... acho que isso é só o começo — disse Beto, fazendo um "cavalinho de pau" com a picape, saltando para fora do veículo.
Os dois se transformaram instantaneamente! Não demorou para Mara, Gilson e Sandra também se transformarem dentro da outra picape, ao notarem o movimento.
— Senhor, estamos aqui fora! Apareceram uns caras estranhos com uniformes parecidos com os nossos... vamos tentar contato! — comunicou Red pelo comunicador.
— Beto, ligue a câmera externa da picape para que eu possa vê-los daqui! — respondeu Shio, seu tom firme.
— Ok! — Beto virou rapidamente e ligou a câmera giratória na picape.
Os cinco inimigos se alinharam em formação de defesa, prontos para o confronto.
— Somos... Powerman! — gritaram juntos.
A poeira baixou, e mesmo com o sol se pondo, os cinco se tornaram mais visíveis.
— Conhecemos vocês muito bem! — disse o Mecha Red com um sorriso arrogante. — Mas, a apresentação não é assim. Vamos mostrar como é: Esquadrão dos Meca-humanos, Mecha Rangers!
— Eu não entendi nada! — resmungou Red.
— Eles são... japoneses? — perguntou Green, confusa.
— Estamos aqui para levar Shio de volta ao nosso país! — Mecha Red continuou, com voz firme.
— Isso mesmo! Ele é um traidor e será julgado pela justiça de nosso país! — completou Mecha Blue.
— Admitam sua derrota e serão poupados! — desafiou Mecha Yellow.
Shio interveio no comunicador:
— Pessoal, eu vou traduzir... Eles estão aqui para roubar a tecnologia de Enzaion... e, de novo, vocês precisarão derrotá-los!
— Ah, não! De novo não! — Black se irritou. — Velho, você vai contar tudo pra gente depois, né?!
— Espera aí... eu ouvi "Shio"! — alertou Mara.
— Ok, vocês não são os primeiros que querem isso! — Blue respondeu, indignado. Na base, Shio só podia se encolher de vergonha.
— Exato! Se quiserem levar ele, entrem na fila! Vamos lá, pessoal! — gritou Red, correndo em direção às picapes, arrancando a moto de dentro. Os outros o seguiram sem hesitar.
— Esse Beto é um maluco!!! Vamos lá! — Black disse, se preparando para a luta.
Os cinco dispararam pelo campo irregular, evitando e confundindo os Mecha Rangers. Algumas manobras rápidas derrubaram os inimigos, mas logo os japoneses mostraram que tinham mais experiência. Com precisão, sacaram pistolas e acertaram os pilotos das motos, fazendo-os saltar e continuar a luta a pé. O combate virou uma verdadeira batalha de rua.
Red Fire travava um combate feroz contra Mecha Red, que parecia prever todos os seus movimentos. Cada golpe de fogo era repelido com uma destreza impressionante. Red deu seu golpe final, mas Mecha Red desapareceu em uma explosão de fogo e fumaça, apenas para reaparecer mais forte e determinado.
Pink Vacuun e Mecha Pink estavam em uma batalha intensa. Cada golpe parecia não atingir o oponente, como se as duas lutassem contra um espelho. Mara estava desconcertada, mas continuou firme, tentando prever os movimentos de Mecha Pink.
As câmeras ao redor da base capturavam cada movimento, e Shio, atento, formulava uma estratégia.
Mecha Blue usou sua tromba d'água em um ataque direto, mas Blue Sea se esquivou, fazendo um mortal no ar e disparando sua pistola laser. A bala atingiu Blue no pé, fazendo-o cair de joelhos. Quando Mecha Blue se aproximou, Blue usou um último movimento: uma tromba d'água vinda do céu que atingiu seu inimigo, nocauteando-o instantaneamente.
Black mandou um furacão contra Mecha Yellow, mas o oponente usou a força do vento para subir, mergulhando em um ataque feroz. Black desviou por pouco, mas o impacto foi devastador. Em uma explosão de raiva, Black agarrou Mecha Yellow pelo pescoço e ambos caíram, inconscientes.
Green Land invocou uma onda de rochas que engoliu Mecha Green, mas a oponente saltou sobre ela, acertando-a com um chute devastador, deixando-a desacordada. A onda de rochas desmoronou, soterrando parcialmente Mecha Green.
Shio, observando tudo, entendeu o que estava acontecendo:
— Pessoal! Cuidado! Vocês estão enfrentando os Powerman originais! Eles sabem seus poderes e movimentos!
Shio arriscara que mais um de seus mistérios fosse desvendado, porém a sobrevivência de sua nova equipe dependia daquilo. Mas já era tarde demais. No campo de batalha, os Powerman e os Mecha Rangers estavam todos fora de combate... todos, exceto Red Fire e Mecha Red.
— Senhor Shio, ouvi! Vou tomar cuidado... — gritou Red Fire, mas antes que pudesse terminar a frase, um vulto negro surgiu por trás dele e o nocauteou.
Era mais um Mecha Ranger, com uniforme preto e faixas amarelas, com circuitos brilhando.
— Game over! Next stage! — a voz fria do Mecha Ranger soou.
— Os outros estão fora, senhor Ford! — Red respondeu, com um tom submisso.
— Não importa! Se estou certo, só falta o velhote! Vamos passar pelas defesas da base e acabar com isso! — disse o novo guerreiro, com um sorriso de confiança.
— Ok, Omega! Vamos lá!
Com as pistolas laser em punho, eles se dirigiram para o interior da base, detonando a porta com um estrondo. Enquanto isso, a fumaça subia no campo de batalha, onde os corpos dos guerreiros inativos jaziam espalhados pelo chão.
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