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CHESS KNIGHT: BLUE - シェス ナイト: ブル

 


CHESS KNIGHT: BLUE

 

Marlon é um jovem comum de 17 anos, vive no subúrbio e acaba de acordar.

Todo dia era aquela mesma coisa: Levantar, colocar o uniforme, já separado pela mãe, sair do quarto, escovar os dentes e ir a cozinha comer um pão pequeno e uma xicara de café com leite.

A mãe lhe apressa para a escola. É quarta feira...  passou metade da semana mas ainda falta muito para se livrar daquela rotina. 

Dona Larissa sempre repetia o mesmo mantra: “somos pobres, a única chance de sobrevivermos é estudando!”... ou “você não tem pai e nem padrinhos importantes, senão estudar vai acabar debaixo da ponte!”

De etnia negra, realmente entendia toda a dificuldade de onde vivia. Não moravam numa comunidade, porém precisava ter certos tipos de atitude que se tivesse a pele um pouco mais clara, não seria necessário. Tinha horário para chegar em casa e evitava certos ambientes pois sabia que seria notado por causa de preconceito.

As vezes aquilo lhe enchia.

Adorava os fins de semana por que podia relaxar e fazer o que queria. Inclusive acordar mais tarde. 

A Dona Larissa adora assistir o noticiário já nas primeiras horas do dia. Mesmo que ela não trabalhe fora, gosta de estar informada dos assuntos. 

No noticiário mais uma reportagem sobre um ladrão de jóias. A Polícia está a três meses em busca de pistas mas o meliante parece um fantasma pois é como se entrasse e saísse das joalherias sem ser filmado.

Elas simplesmente desaparecem de uma hora para a outra. 

Mas ele não tem tempo para isso. Segundo sua mãe, precisa ir para a escola. 

No caminho, o tempo está ameno, como o resto a semana: uma sucessão de dias monótonos. Ao chegar a escola, os mesmos bullyes, as mesmas patricinhas e o pessoal da popularidade... 

Tudo igual e sem cores.

As vezes aquilo lhe enchia.

Marlon havia passado por sérios problemas familiares quando tinha 15 anos. Seu pai deixou sua mãe com três filhos e ele, sendo o mais velho, aguentou a barra junto com a mãe, até as coisas se normalizarem. Todo aquele stress ficou guardado dentro da sua memória.

As vezes aquilo lhe enchia.

No horário do intervalo ele consegue subir ao terraço do prédio da escola por um portão q ele tem forçado a algumas semanas.

Finalmente ele está livre daquela monotonia. Ninguém em volta.

Somente ele e o céu. 

Deitado no chão apoiando a cabeça na mochila ele contempla o firmamento. 

Sente como é pequeno e sem valor. 

Entende o quanto aquela vida não tem nada a ver com o que havia planejado para si. Amava tanto o pai, mas este não lhe compreendia. Não entendia como o pai pudera infringir tanto sofrimento a mãe deixando-os vulneráveis a todo o tipo de violência e dificuldades.

Agora aquilo lhe preenchera de um sentimento de melancolia. Sentimento de angustia pois não via uma maneira rápida de resolver tudo aquilo. Finalmente sentia o copo encher e transbordar. Não fazia mais sentido... aquela existência, não podia ser só aquilo. Não havia importância nenhuma que lhe fizesse prosseguir.

É quando decide. 

Parecia o certo a fazer. 

Na sua lógica, não daria mais trabalho a sua mãe. Sua morte faria seu pai voltaria para casa. Seus irmãos teriam mais atenção para não repetir o que ele fez e tudo ficaria melhor do que aquela situação ruim e sem saída em que ele se encontrava.

São esses pensamentos que lhe confortam quando ele dá a distância de três metros do parapeito e corre para que não tenha tempo nem espaço de se acovardar. 

A velocidade aumenta a medida em que se aproxima do limite da laje. 

Ele finalmente alcança o ar vazio.

Sentia como se transcendesse. Podia ver algumas pessoas lhe encarando enquanto caia. Parecia voar. E realmente acreditava q acabaria bem. 

O prédio tinha cinco andares e a queda leva apenas alguns segundos.

Podia ver toda sua vida até ali. Lembrou de todos os momentos com os irmãos. Momentos de felicidade e cumplicidade. Por ser o primogênito dava proteção e carinho e servia de exemplo dos outros dois. A irmã caçula tinha ele como referencial de homem, já que seu pai havia saído de casa a dois anos. 

Foram anos penosos onde ele serviu de ombro amigo e consolo para os momentos de fraqueza da mãe. Realmente entendia como foi precipitado em saltar para a morte pois o maior desafio não fora sua vida monótona, mas os anos anteriores até que tudo voltasse ao normal. Realmente entendeu a atitude precipitada q tomara.   

Finalmente precisava encarar as consequências da atitude que tomou. 

Agora ansiava por sobreviver nem que fosse por aparelhos.

Queria, fosse por um instante, sentir o perfume da mãe num abraço carinhoso, ou as cócegas dos irmãos num momento feliz. 

Mas sabia que as chances eram quase nulas dado a altura da queda. 

Tudo isso num espaço pequeno de segundos.

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Desde que chegou neste plano KAEMO entendeu sua missão. 

Os monstros estavam "escoando" para essa dimensão por causa de um acidente. Não cabia a ele ponderar sobre o motivo disso. Ele e seus companheiros eram o paliativo. 

Para se misturarem à população escolheram a forma animal mais simples para baixo gasto de energia. Sendo assim quadrupedes pequenos, sejam caninos ou felinos, foram a escolha mais acertada. Cerca de 20 deles aportaram em nossa dimensão com uma missão bem definida: encontrar os monstros e devolvê-los a sua dimensão de origem, e, como missão secundária, descobrir quem causou o acidente que já durava quase um ano sem uma conclusão.

Precisava encontrar uma alma pura e boa para gerar a "transposição", quando reverteriam a sua forma original e usariam este “hospedeiro” para conter estas ameaças.

A batalha duraria até que conseguissem sanar a ferida entre as dimensões.

Essa missão já durava tantos meses que chegou a perder a pista. 

Tantos humanos maus, que tratavam ele e iguais a ele de formas violentas. Mesmo aqueles que se mostravam dóceis e domesticáveis. 

A forma de cão lhe dava facilidade de entrar ou sair dos lugares, porém lhe deixava exposto a todo tipo de hostilidade por parte de humanos.

Embora alguns tenham lhe tratado bem, sua aparência sem pedigree lhe excluía de qualquer adoção.

Um dia ele pôde sentir o sincronismo. Era aquele garoto que seguia para a escola.

Negro, alto e jovem, poderia prevalecer em combates longos e usar toda a capacidade corporal de Kaemo com alta produtividade.

Quando ele chegou ao local, foi impedido de entrar por ser um cão. Ele circulou pela escola por algumas horas quando viu o garoto passar por um portão trançado com certa facilidade.

Viu naquele momento a chance de se aproximar e dialogar.

A sincronia era forte naquele humano. Seria simples.

Mal sabia que eram os últimos momentos da vida dele.

Kaemo não tinha outra escolha: precisava impedir aquilo antes que o humano deixasse de existir. Sua missão se estenderia mais um tempo senão fizesse nada.

Quando o garoto toma distância, ele corre por fora e salta logo atrás de Marlon. Sendo mais leve, corrige a trajetória e sua aerodinâmica lhe permite atingir o garoto nas costas em plena queda.

 

TRANSPOSIÇÃO!

 

No momento do contato enquanto o garoto estava imerso em seus últimos momentos, o cão, depois de um brilho intenso, revestiu o corpo de Marlon com seu próprio ser, criando o q eles chamavam de "transposição" onde partes metálicas recorriam todos os membros, tronco e cabeça do garoto.

Ao completar a queda estatelado no chão o garoto não sofreu qualquer dano. Levou tempo para ele aceitar o que havia acontecido.

Tempo o suficiente para juntar pessoas ao seu redor para ver o que aconteceu

A cena era constrangedora: um humano metálico parecendo um robô deitado de barriga pra baixo no piso quebrado pela força da queda e o peso da armadura. 

Essa era azulada com detalhes em amarelo e Preto.

Peitoral com linhas minimalistas e separações nos lugares dos músculos peitoral e abdominal. As ombreiras com reentrâncias e detalhes paralelos entre si com o Preto predominante ao azul. Nos braços, blindagem azulada na parte externa dos membros acoplados a uma malha preta de couro que recobria todo o seu corpo. O mesmo padrão para os braços se repetia nas pernas onde as dobras como punho, cotovelos e joelhos ganhavam detalhes e predominância do amarelo fosco, enquanto o azul era sempre metálico. 

Havia também um capacete onde uma grande placa azulada horizontal nas têmporas se fechavam atrás na nuca. Na fronte ela encontrava o visor negro que ficava por cima de uma viseira azul na parte da testa que era separada por uma peça vertical arredondada amarela fosca. Na mandíbula uma proteção azul-metálico onde o queixo vinha com uma proteção mais pesada e ornada enquanto a parte que recobria a boca possuía secções com uma espécie de auto-falante como padrão.

Um cinturão que tinha duas peças juntas formando o cinto amarelo e uma pequena proteção azul metálica para a pélvis. 

Ele se levantou com certa facilidade. Era como se não estivesse com todo aquele equipamento no corpo. 

Sem ainda entender o que aconteceu, ele começa a reparar que além de não morrer seus membros estavam protegidos por aquele tipo de armadura. Era confuso e ao mesmo tempo maravilhoso. 

As pessoas começaram a se aproximar dele e a tocar na armadura. Ele tentava falar mas não lhe vinham palavras.

Chegou a pensar que morrera e tornou-se um tipo de fantasma, por que seus amigos podiam lhe ver e tocar, ou que podia estar no céu...  ou ainda no inferno. 

É quando ouve uma “voz” na sua consciência:

"Ei humano! Você não está morto. Eu salvei sua vida no último momento"

Mas a voz baixa se confundia com o estardalhaço das pessoas "do lado de fora" que, a essa altura, já se colocavam ao lado e o abraçavam para tirar fotos!

Afinal, ele parecia aqueles heróis de seriados infantis!

"Aqui não dá!  Vamos pra outro lugar! "

Com essa frase o rapaz, junto com a armadura simplesmente desapareceram como um vento súbito que deixou a todos surpresos.

Nesse momento chegam as autoridades do campus do Colégio e os presentes não conseguem explicar exatamente o que aconteceu e por que o piso quebrou daquela forma.




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